As raízes de batata doce alaranjada são fontes importantes de carboidrato, vitamina C, vitamina B6, cobre, potássio, ferro, carotenóides e fibra. A vitamina C e o caroteno podem atuar como antioxidantes. A batata doce pode ser utilizada na culinária doméstica ou como matéria-prima para processos industriais, na obtenção de doces, farinhas, flocos e fécula. A utilização de batata-doce de polpa alaranjada surge como alternativa viável para a suplementação alimentar, visando suprir a carência de vitamina A devido à presença e fonte barata e abundante de betacaroteno presente nesse alimento.

Este tubérculo contém conteúdo significativo de betacaroteno, cuja ingestão feita de forma regular pode prevenir e combater a cegueira e a mortalidade infantil causada por deficiência de vitamina A, principalmente nas populações mais carentes que não tem acesso a outras fontes dessa vitamina. Além disso, pode atuar como potente antioxidante, atuando na eliminação radicais livres, moléculas que acarretam danos em células e membranas, consequências associadas ao desenvolvimento de enfermidades como câncer de cólon, aterosclerose e desordens coronarianas. Estudos apontam que ela ajuda na limpeza de metais pesados do trato digestório como o arsênio e o mercúrio.

Ela é muito utilizada em dietas de manutenção e perda de peso corporal, visto que apresenta um carboidrato de baixo índice glicêmico, ou seja, tem uma absorção mais lenta o que promove uma maior saciedade e previne a fome. São ricas em beta-criptoxantina que exerce ação anti-inflamatória e ajuda na prevenção de doenças inflamatórias crônicas como a artrite reumatóide.  Seu alto teor de fibras ajuda no equilíbrio do nível glicêmico e perfil lipídico. Por ser rica em ácida clorogênico ajuda a diminuir a resistência à insulina.

Ação no peso corporal

O ganho de peso corporal excessivo pode levar ao sobrepeso e à obesidade. A obesidade está associada com o risco de  desenvolvimento de doenças crônicas que promovem risco de vida como a doença cardiovascular, síndrome metabólica, hipertensão, derrame, diabetes, osteoartrite, apnéia do sono, depressão, doença de vesícula e alguns tipos de câncer. Alguns alimentos ajudam no controle do ganho de peso corporal, como por exemplo, a batata doce.

A batata-doce é um tubérculo rico em fibras e carboidratos complexos como o amido. Uma parte desse amido é resistente à ação de enzimas digestivas e apresenta atividade fisiológica similar às fibras: aumenta o bolo fecal, oferece proteção contra o câncer de cólon, melhora a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina, diminui o colesterol plasmático e as concentrações de triglicerídeos, aumentam a saciedade e, possivelmente reduzem o estoque de gordura. O inibidor de protease 2 derivado da batata doce é tido como o responsável pela redução do apetite e do consumo alimentar, estimulando o hormônio de saciedade colecistoquinina (CCK) e diminuir os picos pós-brandiais (após a refeição) de glicose.

Ação no colesterol e no câncer de próstata

Tubérculos, como a batata doce, são fontes dietéticas de fibras (5-14%). A fibra dietética vem da família dos carboidratos, um polissacarídeo não amido, que não é digerido pelo intestino delgado, mas pode ser fermentado no cólon em ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) como o acetato, o proprionato e o butirato. O propionato tem demonstrado inibir a atividade da enzima HMG coA redutase, limitando a síntese de colesterol endógeno.

A fibra dietética tem a capacidade de se ligar a ácidos biliares e prevenir a sua reabsorção hepática, inibindo assim a síntese de colesterol. A estrutura viscosa e fibrosa das fibras controla a liberação de glicose no sangue, ajudando no controle e na manutenção da diabetes e da obesidade. Os estudos demonstram que a batata-doce e a mandioca tem a capacidade de diminuir os níveis sanguíneos de LDL (colesterol “ruim”) e aumentar os níveis de HDL (colesterol “bom”), ajudando portando na prevenção de doenças crônicas como as cardiovasculares, diabetes e obesidade.

Aproximadamente um terço de todas as mortes por câncer pode ser prevenida pela modificação apropriada da dieta. O câncer de próstata em particular é suscetível à estratégias dietéticas quimiopreventivas já que apresenta uma janela grande de latência (20-30 anos) e a idade média de seu diagnóstico é em torno dos 68 anos de idade. Aproximadamente 35 alimentos à base de plantas como o alho, cúrcuma, vegetais crucíferos e extratos de semente de uva apresentam propriedades anticâncerígenas. Outro alimento que está ganhando destaque com essa função são as folhas verdes da batata doce.

Ricas em vitaminas do complexo B, betacaroteno, ferro, cálcio e zinco, as folhas da batata doce (FBD) são altamente nutritivas e contêm tantas vitaminas, minerais e outros nutrientes como o espinafre. As FBD são uma excelente fonte de polifenóis antioxidantes, como as antocianinas e os compostos fenólicos, como os ácidos caféico e clorogênico. Os constituintes polifenólicos das FBD apresentam atividade antimutagênica, antidiabética, antibacteriana, anti-inflamatória e anticancerígena.

Diversos estudos recentes tem demonstrado que os agentes quimiopreventivos afetam o processo de carcinogênese alvejando vias como a ativação carcinogênica, a detoxificação, o reparo do DNA, a progressão do ciclo celular, a diferenciação e a indução da apoptose (morte celular) em células afetadas. As FBD causam a inibição desse crescimento induzindo a prosão da fase G1 seguida por uma apoptose mitocondrial nas células PC-3 do câncer de próstata.

Referências:

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TRINIDAD, T.P. et al. Sweet Potato and Cassava Can Modify Cholesterol Profile in Humans with Moderately Raised Serum Cholesterol Levels, Food and Nutrition Sciences, v.4, p.491-495, 2013.