Como o café pode ajudar na nossa saúde

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O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo e promove uma sensação de relaxamento e alívio do estresse. É originário da Etiópia, mas foi a Arábia a principal responsável pela propagação de sua cultura. Contém antioxidantes, outros compostos bioativos e cafeína. No Brasil ele chegou pelo Norte, em Belém, trazido da Guiana Francesa. Devido ao nosso clima o seu cultivo espalhou-se rapidamente e em pouco tempo tornou-se um produto base da economia brasileira. O Brasil é responsável por 35% da produção mundial desse grão.

A palavra café vem do árabe Kahoua (o excitante) ou simplesmente o fruto do cafeeiro. De acordo com a ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café) além da cafeína ele contém muitos minerais, aminoácidos, polissacarídeos, açúcares, vitamina B3 e, o seus maiores componentes: os ácidos clorogênicos. Eles são polifenóis com ação antioxidante e tem ação antagônica a cafeína, protegendo contra os malefícios que esta pode causar.

Muitas pesquisas investigam a relação desse grão com a menor incidência de mortalidade e de certas doenças como diabetes, doenças inflamatórias, derrame, etc. Uma revisão do ano passado de Freedman et al relatou uma relação inversa e dose dependente de café com a mortalidade em geral, com exceção daquelas causadas por câncer. Eles constataram que homens que bebem mais de 6 cafés por dia tem um risco de mortalidade menor em 10% do que aqueles que não bebem e, no caso das mulheres 15%. Já com relação a doenças cardíacas os resultados ainda são controversos.

Seu consumo vem sendo associado com uma melhora em biomarcadores inflamatórios e na resistência à insulina. Além disso, ele é relacionado à melhora de diversas patologias como, por exemplo, a síndrome metabólica. Seu consumo pode ser diferente de acordo com o sexo. Um estudo desse ano de Demura et al publicado no Food and Nutrition Sciences e realizado no Japão indicou que homens jovens bebem mais café do que mulheres jovens. Além disso, foi constatado que o consumo de cigarro também aumento o consumo desta bebida. No grupo que consumia o café a razão mais proeminente da causa do consumo foi o fato dele ajudá-los acordar devido a presença de cafeína ou porque apreciavam o gosto.

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Apesar dessa relação inversa o café foi associado positivamente com um maior consumo de cigarro, carne vermelha e alto consumo de álcool. Eles especulam que os benefícios do café quando relacionados com a menor mortalidade ocorre por conta de seus inúmeros compostos bioativos como os polifenóis (antioxidantes). Os resultados foram similares tanto para cafeinados como para descafeinados.

Estudos apontam a função positiva no café para a diabetes devido aos ácidos clorogênicos e a vitamina B3 presentes nesse grão e que em estudos com animais apresentou uma queda nos níveis de glicemia e insulina séricos. Eles agem inibindo a alfa-glicosidade e a glicose-6-fosfatase, diminuindo a absorção intestinal de glicose e seu metabolismo no fígado o que contribui para a redução da insulina no estado de jejum. A dose recomendada deve ser indicada por um médico visto que pessoas sensíveis a cafeína podem ter alterações de pressão arterial.

Café e pele

A cada ano a prevalência dos vários tipos de câncer de pele aumenta. O risco para o aparecimento desse tipo de câncer depende de fatores constitucionais e ambientais. Os constitucionais incluem o fototipo, cor de olhos e cabelos e “habilidade” de bronzeamento. Já os ambientais o mais prejudicial são os raios UV. Diversos estudos com cafeína oral ou tópica demonstraram uma inibição do desenvolvimento do carcinoma de pele em ratos expostos aos raios UV. E o mecanismo mais provável é a indução da morte de queratinócitos danificados pelos raios UV. Esse resultado não foi encontrado nos casos de melanomas.

A radiação UV promove um dano no DNA das células epidermais e, se esse dano não foi reparado ou eliminado, essas células podem sofrer transformações, proliferação descontrolada e eventualmente formar um tumor. Os estudos sugerem que a cafeína impede a ação da proteína ATR uma das responsáveis pela proliferação das células danificadas, interrompendo o seu ciclo metabólico. Essa inibição ocorrendo nos queratinócitos induz a morte dessas células contribuindo para o menor risco de surgimento de um tumor. Essa hipótese foi constatada apenas para queratinócitos e não para os melanócitos.

Estudos mais atuais sugerem que a administração de cafeína inibe a carcinogênese provocada pelos raios UVB atuando como um protetor solar e promovendo a morte das células tumorais. Esse resultado foi encontrado somente para os não-melanoma cânceres e para o consumo regular de café com cafeína, pois os descafeinados não promovem esse efeito antitumoral.

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Café e exercício físico

Um dos componentes mais estudados do café é a cafeína, principalmente pelo seu poder estimulante. Ela é totalmente absorvida pelo estômago e intestino delgado após 45 minutos de seu consumo e tem uma meia-vida de aproximadamente 3-4 horas. Ela estimula o sistema nervoso central aumentando o estado de alerta e o foco. Os seus metabólitos promovem a vasodilatação e aumento de excreção urinária, leve relaxamento muscular e estimulam a lipólise. Doses altas podem levar à ansiedade, inquietação e enxaqueca o que pode causar queda de performance.

Existem diversos trabalhos demonstrando que a cafeína melhora a performance no exercício de endurance sendo que alguns deles apontam que doses moderadas podem ter o mesmo efeito mas sem os prejuízos do que doses mais altas. O consumidor também influencia no efeito, visto que alguns são mais “sensíveis” a cafeína do que outros. Algumas pesquisas indicam que ela retarda a fadiga por ser antagonista a adenosina, um componente celular que aumenta a contração muscular, inibe a excitabilidade neuronal e induz ao estado sonolento. Outra linha acredita que ela apresenta uma função psicológica, pois promove a liberação de serotonina melhorando o humor e o cansaço.

A ação da cafeína no metabolismo lipídico também é de grande importância, visto que ela influencia esse metabolismo por melhorar a mobilização de gordura dos tecidos adiposos para a oxidação na mitocôndria (produção de energia) durante a atividade física. Alguns estudiosos são receosos com essa função, já que por alterar o perfil lipídico eles acreditam que gorduras podem aumentar na corrente sanguínea e causarem prejuízos a saúde. Portanto, mais estudos devem ser realizados a fim de elucidar esse fato.

Referências:

ABIC: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO CAFÉ.

ASTORINO, T.A.; ROBERSON, D.W. Efficacy of acute caffeine ingestion for short-term high intensity exercise performance: a systematic review. Journal of Strenght and Conditional Research, v.24, n.1, 2010.

CONNEY, A.H. et al. Mechanisms of caffeine-induced inhibition of UVB carcinogenisis. Front Oncol, v.3, n.144, 2013.

DEMURA, S. et al. Gender differences in coffee consumption and its effects in youn people. Food Nutrition and sciences, v.4, p.748-757, 2013.

DIJK, A.E.V. et al. Acute Effects of Decaffeinated Coffee and the Major Coffee Components Chlorogenic Acid and Trigonelline on Glucose Tolerance, DIABETES CARE, v. 32, n. 6, 2009.

FREEDMAN, N.D. et al. Association of Coffee Drinking with Total and Cause-Specific Mortality, N Engl J Med. v. 366, n.20, p.1891–1904, 2012.

OLCINA, G. et al. Total plasma fatty acid responses to maximal incremental exercise after caffeine ingestion. Journal of Exercise & Fitness, v.10, p.33-37, 2012.

SONG, F.; QURESHI, A.A.; HAN, J. Increased caffeine intake is associated with reduced risk of basal cel carcinoma of the skin. Cancer Research, v.72, p.3282-3289, 2012.

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