Diabetes Mellitus

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O diabetes mellitus é uma doença definida pela falta de insulina ou de sua incapacidade de exercer adequadamente seus efeitos provocando uma resistência à insulina. Existem três tipos de diabetes: tipo 1, tipo 2 e gestacional. A tipo 1 consiste em uma produção de insulina pelo pâncreas insuficiente e os seus portadores necessitam de doses diárias de insulina para a manutenção da glicose. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens. A tipo 2 corresponde a 90% dos casos, ocorrendo normalmente em obesos, pessoas com mais de 40 anos, com dieta inadequada, sedentárias e normalmente é assintomática podendo levar à complicações.

A gestacional é caracterizada pela presença de glicose elevada na gravidez e normalmente é normalizada após o parto, entretanto, mulheres que apresentaram esse quadro na gestação são mais propensas a desenvolverem diabetes tipo 2 tardia. Normalmente as complicações incluem queixas visuais, cardíacas, circulatórias, digestivas, renais, urinárias, neurológicas, dermatológicas e ortopédias, entre outras. Para que não haja a presença dessas complicações é necessária uma dieta adequada visando o controle da glicemia.

No caso dos carboidratos o ideal é dar preferência aos complexos, ou seja, ricos em fibras para que não ocorra uma hiperglicemia como os integrais, cereais, legumes, verduras e algumas frutas. O consumo de açúcar refinado, mel, doces e refrigerantes não é recomendado. Proteínas magras como peixes e frango são mais indicadas por terem menor teor de gorduras saturadas. Alimentos ricos em vitaminas e minerais também são de extrema importância. Frutas mais doces como o mamão, a banana, a manga, o açaí e suco de laranja devem ser consumidas com cautela. O ideal é uma consulta com um nutricionista para que este avalie a melhor dieta para cada indivíduo.

Em novembro de 2012 a International Diabetes Federation publicou o seguinte: há no mundo cerca de 371 milhões de pessoas portadoras de diabetes com idades entre 20-79 anos de idade, o número de portadores é crescente em todos os países, 50% das pessoas portadores desconhecem esta condição e, o Brasil ocupa a 4ª colocação entre os países de maior prevalência, 13,4 milhões de pessoas, o que corresponde a 6,5% da população entre 20-79 anos de idade.

Neste dia 14 de novembro é comemorado o dia Mundial da Diabetes que tem o intuito de levar informação às pessoas sobre a doença, seu diagnóstico e tratamento. Próximo a 90% dos portadores é do tipo 2, pouco sintomática e por isso favorece a ocorrência de complicações. Os fatores de risco para essa doença são: familiares próximos portadores, idade maior do que 45 anos, excesso de peso ou obesidade, pressão arterial alta, colesterol elevado e mulheres com antecedentes de filho nascido com mais de 4 kg.

Os sintomas mais comuns são urinar excessivamente, inclusive acordar várias vezes a noite para urinar, sede excessiva, aumento de apetite, perda de peso, cansaço, vista embaçada e infecções frequentes, sendo as mais comuns as de pele. Caso apresente algum desses sintomas a conduta mais adequada é procurar um médico para diagnosticar se há ou não a diabetes e iniciar o tratamento.

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Exercícios físicos

De maneira geral os exercícios físicos são benéficos para os portadores de diabetes, principalmente os do tipo 2. O objetivo dos exercícios é a otimização da capacidade funcional, controle do peso corporal, modulação dos níveis glicêmicos e redução de fatores metabólicos de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O primeiro passo para ingressar em uma atividade física é solicitar um exame de sangue para verificar o nível de glicose e realizar uma avaliação física.

A prática de exercícios físicos só é recomendada quando os níveis de glicose sanguíneos estão sob controle mediante o uso da insulina ou de outro medicamento que module a glicose e de dieta adequada. Os exercícios ajudam o corpo a responder melhor à insulina e a transportar de modo mais eficiente a glicose para dentro das células. Também ajudam a diminuir os níveis de glicose no sangue durante e por até 48h após a atividade. Melhoram a circulação, pois ajudam na construção de mais capilares nos tecidos. Alguns estudos indicam que os exercícios ajudem na diminuição da insulina e dos medicamentos necessários para o controle da glicemia já que provoca o aumento da sensibilidade dos tecidos à insulina.

Valores de glicemia acima de 250mg/dL contra-indicam a prática de exercícios, pois há um maior risco de hiperglicemia. Muitas vezes os diabéticos possuem outras patologias associadas e estas devem ser analisadas para que haja a melhor indicação de uma atividade. A prática de exercícios ao final da tarde e início da noite não são indicadas, devido o pico natural da insulina o que aumenta as chances de uma hipoglicemia noturna. Deve haver um consenso entre o médico, educador físico e nutricionista a fim de indicar o melhor tratamento medicamentoso, nutricional e de uma atividade física adequada.

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Microcirculação

A diabetes mellitus, principalmente a do tipo 2, é uma doença crescente e um dos fatores de risco para o seu surgimento e o de doenças cardiovasculares é a obesidade. Vem sendo demonstrado que a disfunção microvascular afeta a disponibilidade de glicose mediada por insulina e a resistência vascular periférica, contribuindo para a resistência à insulina e a hipertensão. Pesquisadores relacionam alterações na microcirculação em pacientes diabéticos devido à resistência à insulina.

A microcirculação inclui as arteríolas, capilares e vênulas sendo essencial para o equilíbrio do metabolismo dos tecidos assim como a pressão arterial. Ela é regulada principalmente pelas células endoteliais que promovem efeitos vasodilatadores ou vasoconstritores. Estudos demonstram que a insulina por si só tem efeitos vasodilatadores. O dano endotelial presente na diabetes parece ser o fator desencadeante das complicações microvasculares como a cegueira por retinopatia diabética, doença renal terminal e amputação dos membros.

Um endotélio normal é capaz de secretar substâncias vasodilatadoras e fator hiperpolarizante promovendo a manutenção do tônus vascular, regulação da agregação plaquetária e da coagulação, modulando a inflamação e diminuindo o risco de trombos e futuramente de uma aterosclerose. O controle do nível glicêmico reduz o risco dessas complicações microvasculares por isso a necessidade de um acompanhamento médico e nutricional.

 

Referências:

AGUIAR, L.G.K. et al. A microcirculação no diabetes: implicações nas complicações crônicas e tratamento da doença. Arq Bras Endocrinol Metab, v.51, n.2, 2007.

anad.com.br

diabetes.org.br

HOUBEN, A.J. et al. Perivascular fat and the microcirculation: relevance to insulin resistance, diabetes, and cardiovascular disease. Curr Cardiovasc Risk Rep, v.6, p.80-90, 2012.

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