Doenças reumáticas, implicações para a saúde e tratamento

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Nutrição

As doenças reumáticas são muito prevalentes e afetam cerca de 3-8% da população mundial e acredita-se que 1/4 dos adultos sofre de algum tipo de problema relacionada ao sistema musculoesquelético. As doenças reumáticas mais prevalentes são artrose, reumatismo extra-articulares, osteoartrite, fibromialgia e lombalgias. Os exames laboratoriais solicitados nos casos de suspeita de doença reumática auto imune são pesquisa e identificação de auto anticorpos, dosagem do complemento total e frações, detecção do antígeno de histocompatibilidade humana HLA-B27 e dosagem e caracterização de crioglobulinas.

Algumas acometem primeiramente os órgãos internos como por exemplo o lúpus eritematoso sistêmico e com a evolução da doença adquire características reumáticas. Outro exemplo, comum em crianças é a febre reumática que pode começar pelo coração. Como as doenças reumáticas são inflamatórias na grande maioria das vezes são acompanhadas de dor e por conta disso antiinflamatórios são necessários. Alimentos antiinflamatórios como ômega-3 presente nos peixes de água fria e linhaça, a cúrcuma, oleaginosas, alho, cebola, gengibre, crucíferos, frutas alaranjadas, entre outros.

O reumatismo está intimamente ligado a um aumento na prevalência de distúrbios gastrointestinais como: a dispepsia, ulceração da mucosa, alterações no trânsito intestinal (constipação/diarréia), o que acarretam em piora na qualidade de vida. A dieta vem sendo utilizada para melhorar esses e outros sintomas que acometem pessoas com essa condição, principalmente a dieta vegetariana e a Mediterrânea. O principal objetivo dessas dietas é diminuir o componente inflamatório aumentado pelo reumatismo.

Essas dietas são ricas em componentes nutricionais como os fitoquímicos e gorduras insaturadas que fazem esse papel. Outra dieta que está sendo utilizada é a de exclusão de alimentos alergênicos da dieta desses pacientes como farinha branca, carne de porco, laticinios, ovos, algumas frutas, amendoim, carneiro, café e soja reduzindo assim a permeabilidade intestinal e os componentes inflamatórios e, proporcionando um melhor funcionamento intestinal e saúde da microbiota. Ômega-3 e probióticos também são aliados, mas a sua posologia deve ser indicada por um nutricionista ou médico.

Os medicamentos ideais variam para cada caso e devem ser prescritos por um reumatologista,

pois podem surtir efeitos colaterais como distúrbios gastrointestinais, dor de cabeça e náuseas e no caso da cortisona mau utilizada osteoporose, fraturas precoces, catarata,  hipertensão e diabetes. Exercícios físicos supervisionados também são um complemento ao tratamento medicamentoso.

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Exercícios físicos

A artrite reumatóide e a osteoartrite são doenças reumáticas crônicas inflamatórias com uma prevalência maior em pessoas com mais de 40 anos. A artrite reumatóide está associada com um maior risco de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares. Pacientes com esse quadro costumam ter baixo nível de atividade física ou serem sedentários sendo que em alguns países esse índice de inatividade pode chegar a 80%.

O American College of Sports Medicine sugere que a prática ocorra pelo menos 30 min por dia e apresenta um guia adicional para pessoas em condições como o reumatismo visando exercícios de fortalecimento muscular, proteção articular, equilíbrio e flexibilidade.De acordo com as pesquisas o exercício físico, principalmente de baixa intensidade é essencial para pessoas com reumatismo melhorando a capacidade aeróbica, força muscular, mobilidade articular e função física.

Pessoas com essa condição tem uma redução na expectativa de vida principalmente decorrente do maior risco de doenças cardiovasculares e a atividade física diminui esse risco já que melhora a capacidade aeróbia e cardiovascular. Pelo menos 50% deles tem uma perda de massa magra (caquexia reumática) e exercícios resistidos pode aumentá-la, diminuir a gordura e aumentar a força muscular. A causa mais provável dessa caquexia é a degradação protéica via citocinas pró-inflamatórias.

Caquexia reumatóide é definida como a perda de massa celular com uma maior predominância no músculo esquelético. Ao contrário da caquexia presente em portadores do vírus HIV, câncer e DPOC a caquexia reumatóide é normalmente caracterizada por um peso corporal estável, pois apesar de haver uma perda de massa magra há um aumento de gordura corporal. Esse aumento na gordura corporal e na inflamação gera uma alteração no perfil lipídico (colesterol e triglicérides) o que aumenta o risco de surgimento de doenças cardiovasculares.

Um dos fatores que promove essa caquexia é o aumento da TNF-alfa que pode alterar a degradação e a síntese protéicas. Fatores que colaboram com isso são uma menor ação da insulina, dos níveis de IGF-1, testosterona e sedentarismo (principalmente por conta das dores e fadiga). Além disso, a terapia a base de esteróides utilizada para controlar a atividade da doença pode exacerbar a atrofia muscular.

Segundo estudos exercícios progressivos de alta intensidade demonstraram reverter de forma segura a caquexia em pacientes com artrite reumatóide e, como consequência desse reestabelecimento da massa muscular uma melhora na função física, na mobilidade e nos níveis de IGF-1.

Estudos relatam que exercícios mistos (aeróbicos + resistidos) melhoram a integridade da cartilagem e lubrificação das articulações propiciando uma melhora na mobilidade. É comum o reumatismo estar atrelado a dificuldade na mobilidade, dor intensa, tensão articular e fadiga e de acordo com pesquisas a prática regular de exercícios parece melhorar significativamente alguns ou todos os sintomas. A prática deve ser indicada e supervisionada por um profissional especializado.

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Referências:

COONEY, J.K. et al. benefits of exercise in rheumatoid arthritis. Journal of Aging research, 2011.

SATO, E.I. Guia de medicina ambulatorial e hospital da UNIFESP-EPM: reumatologia, Editora Manole, 2 ed, Tamboré, 2010.

VITETTA, L. et al. Dietary recommendations for patients with rheumatoid arthritis: a review. Nutrition and Dietary Supplements, v.4, 2012.

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