O glúten e suas implicações à saúde

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O glúten é uma proteína estrutural presente no trigo, cevada, aveia e centeio e é utilizado como base em alimentos compostos de farinha ou derivados do trigo como pães e massas. Ele contém frações protéicas tóxicas ao organismo como as gliadinas e as gluteninas. Com a introdução do glúten na alimentação surgiram as doenças relacionadas ao seu consumo como a alergia ao glúten e a doença celíaca, condições mediadas pela ativação das células T na mucosa gastrointestinal. Entretanto há diferenças entre essas duas condições.

A alergia ao glúten também ativa as IgEs que ativam a histamina, mastócitos e basófilos gerando à crise alérgica. Já a doença celíaca é uma doença autoimune que ativa anticorpos específicos e há um dano persistente na mucosa do intestino delgado. Há também pessoas com sensibilidade ao glúten que normalmente com a redução drástica dessa proteína melhoram o quadro. Uma alteração na permeabilidade intestinal dá margem à passagem de antígenos o que leva o aparecimento das doenças inclusive às relacionadas ao glúten.

Portanto a doença celíaca está ligada ao aumento da permeabilidade intestinal, dano à mucosa e uma predisposição genética, enquanto a alergia ou a sensibilidade ao glúten não há um dano permanente a mucosa intestinal e sim uma alteração no sistema imune inato, além de sintomas extra intestinais como dores articulares, câimbras, perda de peso e fadiga. Para melhorar os sintomas da sensibilidade deve haver a restrição de alimentos ricos em glúten como uma posterior reintrodução, já na doença celíaca o consumo de glúten é terminantemente proibido.

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Pesquisas mostram que ela atinge pessoas de todas as idades, mas é mais prevalente em crianças de 6 meses a 5 anos de idade. Foi observada também uma prevalência maior em mulheres. Estima-se que existam 300mil brasileiros com a doença com uma maior prevalência na região Sudeste. Existem três tipos: a clássica, a não clássica e a silenciosa.

A clássica caracteriza-se pela presença de diarreia crônica, em geral acompanhada de distensão abdominal e perda de peso. Esta forma pode ter uma evolução grave (crise celíaca) que se não tratada pode ser fatal por levar a desidratação grave. A forma não clássica ocorre ou não manifestações digestivas e, quando ocorrem ocupam um segundo plano. Podem ocorrer anemias por ferro ou B12, osteoporose, artrites, manifestações psiquiátricas, edema, entre outros. A forma silenciosa caracteriza-se por alterações sorológicas ou histológicas da mucosa do intestino delgado e ausência de manifestações clínicas.

O tratamento consiste na retirada da dieta todos os alimentos que contenham glúten. Muitos alimentos do nosso cotidiano contém o glúten e por isso muitas vezes à adesão à dieta não é boa, principalmente nos adolescentes. Essa mudança no estilo de vida muitas vezes incomoda aos celíacos, que muitas vezes fogem de situações em que tenham que se confrontar com os alimentos com glúten. A exclusão do glúten pode levar à ingestão de alimentos hipercalóricos e consequentemente ao sobrepeso, daí a necessidade do acompanhamento nutricional. Os danos às vilosidades intestinais pode causar uma deficiência de vitaminas e minerais que deve ser sanada com uma dieta equilibrada e isenta de glúten.

Referências:

Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas: doença celíaca. Portaria SAS/MS n.307, 2009.

ANDREOLI, C.S. et al. Avaliação nutricional e consumo alimentar de pacientes com doença celíaca com e sem transgressão alimentar. Rev Nutr, v.26, n.3, 2013.

ARAUJO, H.M.C. et al. Doença celíaca, hábitos e práticas alimentares e qualidade de vida.RevNutr, v.23, n.3, 2010.

SAPONE, A. et al. Spectrum of gluten-related disorders: consensus on new nomenclature and classification. BMC Medicine, v. 10, n.13, 2012.

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