Probióticos

O intestino humano possui dez vezes mais bactérias e 100 vezes mais material genético do que o número total de células do organismo, sendo habitat de aproximadamente 100 trilhões de microorganismos. O intestino grosso é o local onde há uma maior concentração dessas bactérias. Elas podem ser divididas em 3 tipos: probióticas (que exercem efeitos benéficos), comensais (podem promover tanto o equilíbrio como o desequilíbrio) e patogênicas (podem causar lesões na mucosa).

Alguns fatores podem influenciar a composição da microbiota como: idade, tempo de trânsito intestinal, ph intestinal, estado imunológico, requerimentos nutricionais, uso de antibióticos e imunossupressores, entre outros.

Lactobacillus foto

Principais funções da microbiota:

1. Resistência à colonização de patógenos.
2. Imunomodulação: evitam a apoptose de linfócitos, ajudam na manutenção da barreira mucosa intestinal, produção de anticorpos e reduzem de citocinas pró-inflamatórias.
3. Contribuição nutricional: síntese do complexo B e a vitamina K. Produção de AGCC (ácidos graxos de cadeia curta).
4. Função digestória: síntese de enzimas digestivas.

Em 1960, Richard Parker utilizou pela primeira vez o termo “probiótico” com o significado de “a favor da vida”, de acordo com a origem grega do termo. Fuller, em 1989, apresentou a primeira definição da palavra como sendo: “suplemento alimentar constituído de microrganismos vivos capazes de beneficiar o hospedeiro pelo balanço do equilíbrio da microbiota intestinal”.

Principais probióticos:

Lactobacillus: são bactérias anaeróbias e estão em abundância no intestino delgado. Os mais utilizados como probióticos são os das classes: brevis, bulgaricus, casei, rhamnosus, acidophilus e plantarum.

Bidifobacterium: são bactérias aeróbias estritas ou anaeróbias, que predominam no intestino grosso. As classes mais utilizadas são: bifidum, breve, infantis e lactis.

Streptococcus: as mais comuns são a termophilus utilizada em iogurte e a bulgaricus.

Enterococcus: a faecium tem efeitos benéficos à saúde gastrintestinal.
Em ecologia microbiana, considera-se que para poder atuar num local, um microrganismo deve estar presente em nível populacional igual ou superior a 107 células viáveis/ g ou ml de conteúdo. Para atingir esse nível, tomando em conta os fenômenos de diluição intestinal, o microrganismo probiótico devera, portanto, apresentar-se em quantidades iguais ou superiores a 108 a 109 células viáveis/ g ou ml no produto a ser ingerido.

Aplicações dos probióticos:

Disbiose intestinal: é o estado no qual a microbiota produz efeitos nocivos. Dentre esses efeitos está o câncer. Diversos autores afirmam que bactérias patogênicas produzem carcinógenos que causam alterações à nível intestinal e de detoxificação hepática. Os probióticos auxiliam na recuperação da microbiota e da sua consequente função habitual saudável.

Diarréia: principalmente os probióticos oriundos da família Lactobacillus são eficientes na prevenção e tratamento de diarreias. Eles produzem subastâncias antimicrobianas como a acidofilina, além de substâncias como o ácido lático, ácido acético e ácido fórmico que contribuem para a integridade da mucosa intestinal. De acordo com os estudos os mais eficientes para esse quadro são os Lactobacillus rhamnosus GG. No caso do Lactobacillus GG, ate agosto de 2006, os oito ensaios aleatórios, controlados (total de 988 participantes) selecionados para analise mostraram redução significativa: na duração da diarreia (-1,1 dias; CI 95% -1,9 a -0,3), em particular para diarreias por rotavirus; no risco de diarreia superior a 7 dias.

Melhora de imunidade: os probióticos aumentam os linfócitos circulantes, a produção de IFN-gama, IL-1 e IL-8. Em um estudo com praticantes de atividade física que receberam Lactobacillus casei apresentaram uma maior concentração de células NK.

Sindrome do intestino irritável: estudos mostraram que pessoas que tem SII apresentam uma redução de lactobacillus e bifidobactérias. Os probióticos auxiliam na disbiose intestinal e fermentação comum nesses indivíduos além de oferecerem um efeito antinflamatório. As famílias mais eficientes para SII são Lactobacillus plantarum e Bifidobacterium breve.

Infecção por H pilory: Uma metanalise recente sugere que a suplementação com probioticos durante a terapia contra o H. pylori pode aumentar a eficácia e reduzir os efeitos secundários do tratamento. Os resultados da analise de 14 ensaios (total de 1671 pacientes) aleatórios, controlados mostraram que a taxa de erradicação da terapia foi globalmente maior – 83,6%.- (CI 95% 80,5 a 86,7) nos pacientes recebendo em suplemento os probioticos (Lactobacillus, Bifidobacterium, Saccharomyces boulardii, Bacillus, Clostridium), quando comparada com a taxa de 74,8% na terapia sem os probioticos (CI 95% 71,1 a 78,5).
Referências:

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