AIDS e implicações para a saúde

A AIDS ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida é causada por um retrovírus chamado Human Immunodeficiency Virus (HIV). Esse nome foi escolhido, pois Síndrome significa grupo de sinais que caracterizam uma doença, quando considerados em conjunto; Imunodeficiência é uma condição em que o sistema imune fica debilitado a ponto de não conseguir combater nem os germes menos virulentos e; Adquirida porque não é congênita, como as imunodeficiências de crianças nascidas com problemas genéticos. Estima-se que 1,8 milhões de pessoas são portadoras do vírus HIV e que um terço delas vive aqui no Brasil.

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O HIV se multiplica dentro do linfócito CD4, um glóbulo branco importante para o sistema imune. Eles são responsáveis por reconhecer a natureza do invasor e recrutar as outras células de defesa para atacá-lo e destruí-lo. Como os CD4 não conseguem exercer as suas funções, as outras células de defesa perdem a sua eficácia expondo o indivíduo à doenças oportunistas. O diagnóstico da AIDS é feito por exames laboratoriais (ELISA e Western Blot) que detectam os anticorpos produzidos contra o HIV, pois se há anticorpos também há a presença do vírus.

A transmissão ocorre pelo sangue, por relações sexuais, agulhas contaminadas e transfusão. A prevenção mais utilizada é a camisinha que tem eficácia entre 90-95%. Outros meios de prevenção são: redução do número de parceiros sexuais, tratamento de DSTs se houver, não compartilhar agulhas e seringas, exigir material descartável ao coletar sangue, se for mulher HIV-positiva evitar a gravidez e caso ocorra tomar os antirretrovirais. São comuns nesses indivíduos alterações no perfil lipídico e glicêmico aumentando a incidência de obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes.

Uma ingestão insuficiente de nutrientes nesses pacientes afeta diretamente sua resposta ao tratamento. Os portadores do vírus podem apresentar deficiência de nutrientes como zinco, selênio, vitaminas A, B6 e B12, ou seja, vitaminas e minerais essenciais para o bom funcionamento do sistema imune. A nutrição tem como objetivos minimizar a perda de peso corporal, de massa magra, a imunossupressão e a ocorrência de doenças oportunistas.

Alimentos ricos em vitaminas e minerais antiinflamatórios e antioxidantes são essenciais para a melhora do quadro inflamatório e do estresse oxidativo. Frutas vermelhas, peixes, cereais como linhaça e chia, azeite extra virgem, crucíferos e legumes contém substâncias como flavonóides, fibras, ômegas e outros ativos que contribuem para a melhora do quadro nutricional dos pacientes.

Alguns estudos já foram publicados utilizando fermentados contendo as vitaminas e minerais acima, mais fibras, demonstrando uma melhora de imunidade e de perfil lipidico dos pacientes soropositivos. Em 2010 um estudo publicado na Nature descobriu que a presença do gene HLA B57 fazia com que o organismo produzisse mais linfócitos T essenciais para o combate contra infecções. A partir daí, esse ano já houve promessas de uma possível vacina que auxiliasse na melhora da imunidade dos pacientes. Mais estudos estão sendo feitos para que isso seja possível e quem sabe a cura para essa doença esteja perto de ser encontrada.

Atividade física melhorando os sintomas do HIV

Alguns estudos sugerem que o exercício físico proporciona adaptações capazes de melhorar os efeitos negativos do extresse oxidativo. Conforme a doença vai avançando os pacientes apresentam uma perda significativa de massa magra. Segundo o estudo de Brito el al deste ano o treinamento resistido (ex: musculação) por 24 semanas, aumentou significativamente a força e estimativa de hipertrofia muscular, além de redução de gordura corporal, perímetro da cintura e glicemia de jejum. Eles ressaltam que esse resultado só é possível em conjunto com uma nutrição adequada para que haja a síntese protéica.

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O exercício físico pode aumentar o estresse oxidativo se realizado de forma muito intensa. Entretanto, os pesquisadores sugerem a atividade física de leve a moderada aumenta também a capacidade antioxidante do organismo (CAT, GPx e SOD) trabalhando em conjunto com uma alimentação rica nesses nutrientes e com a terapia antiretroviral. Sugere-se que mais estudos sejam realizados para uma comprovação final desses benefícios. Para o tratamento adequado há a necessidade do acompanhamento médico, nutricional e de um educador físico.

Relação do HIV com a estética

A AIDS ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida além da imunossupressão leva à algumas alterações corporais no paciente causando uma queda na auto-estima. O tempo de utilização da terapia antiretroviral está relacionado com a lipodistrofia, uma condição associada à alterações no metabolismo glicêmico, resistência à insulina e dislipidemia. Consiste na alteração da distribuição da gordura corporal com concentrações na barriga, costas, pescoço, nuca e perda de gordura na face, pernas, nádegas e braços.

De acordo com o estudo de Leite, Papa e Valentini de 2011, 75% dos avaliados mostraram alto grau de insatisfação com a imagem corporal, não havendo diferença entre os sexos. Os indivíduos mais insatisfeitos se queixaram de sintomas de depressão o que contribui para a má adesão à terapia antirretroviral, à reduzida qualidade de vida e à diminuição da sobrevida entre esses indivíduos. A difusão de informações educacionais para os pacientes são fundamentais para o entendimento sobre os sintomas não visíveis da lipodistrofia, como as que envolvem as funções metabólicas.

Alguns estudos apontam que mudanças nos hábitos alimentares e a prática de atividade física são importantes para que alguns resultados positivos sejam alcançados. Intervenções nutricionais e mudanças no estilo de vida auxiliam na melhora da imagem corporal e consequentemente da auto-estima aumentando a adesão à terapia antirretroviral.

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Referências:

BECHIS, M.A. et al. Efeito de alimento fermentado como terapia nutrológica na melhora da qualidade de vida em pacientes com HIV/AIDS. International Journal of Nutrology, v.4, n.2, p.17-23, 2011.

BRITO, C.J. et al. Impacto do treinamento resistido na força e hipertrofia muscular em HIV-soropositivos. Rev Educ Fism vol.19, n.2, 2013.

CHAKRABORTY, A. et al. Effects of thymic selection of the T-cells repertoire on HLA class I-associated control of HIV infection, 2010.

DERESZ, L.F. et al. O estresse oxidativo e o exercício físico em indivíduos HIV positivo. Rev Bras Med Esporte, v.13, n.4, 2007.

FERREIRA, R.S. et al. Nutrional status of patients with HIV/AIDS. Journal of Nursing, v.6, n.6, p.1321-30, 2012.

LEITE, L.H.M.; PAPA, A.; VALENTINI, R.C. Insatisfação com imagem corporal e adesão à terapia antirretroviral entre indivíduos com HIV/AIDS. Rev Nutr, vol.24, n.6, 2011.

SEIDL, E.M.F.; MACHADO, A.C.A. Bem-estar psicológico, enfrentamento e lipodistrofia em pessoas vivendo com HIV/AIDS. Psicologia em estudo, v.13, n.2, p.239-247, 2008.

VARELLA, D. Coleção Doutor: AIDS. Editora Gold. São Paulo, 2009.

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