Câncer de próstata e suas implicações à saúde

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Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer) o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. O aumento de sua incidência no Brasil pode ter ocorrido devido a evolução dos métodos de diagnóstico, pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento da expectativa de vida. É considerado um câncer de terceira idade já que três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos de idade.

Em 2012 foram encontrados mais de 60.000 casos. A próstata é uma glândula sexual pequena pertencente somente aos homens localizada na parte baixa do abdomên. Ela produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozóides, liberado durante o ato sexual. Em sua fase inicial o câncer de próstata pode não apresentar sintomas e quando isso ocorre estes são parecidos com o crescimento benigno da próstata (hiperplasia), como a dificuldade em urinar e necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Em sua fase mais avançada pode provocar dor nos ossos, problemas para urinar e, quando mais grave, insuficiência renal ou infecção generalizada.

Ele pode ser descoberto inicialmente com o exame clínico chamado toque retal, exame que enfrenta o preconceito e resistência de muitos homens, combinado com o resultado do exame de sangue (PSA). Se descoberto do início, 90% dos casos apresentam cura. O tratamento irá depender do estágio do tumor e pode ser feito por cirurgia com a retirada total ou parcial da próstata, radioterapia, tratamento hormonal ou em alguns casos apenas com a observação médica.

Para a manutenção do crescimento prostático deve haver um complexo equilíbrio entre o crescimento celular, fatores proliferativos e indutores de morte celular (apoptose). Caso ocorra um desequilíbrio há um aumento na sobrevivência celular e em sua proliferação, assim como uma redução da apoptose gerando um tumor e o câncer. A implementação de estratégias terapêuticas contra esse crescimento tumoral normalmente foca na indução da apoptose. Diversos estudos relatam que agentes dietéticos podem ser utilizados em conjunto ou isolados com agentes quimioterápicos na prevenção e metástase do câncer.

A maioria dos estudos foca nas frutas, verduras e legumes por conterem uma maior gama de compostos bioativos. Um deles é a epigalocatequina presente no chá verde. Ela inibe a COX-2 em estudos in vitro o que resulta em menor crescimento celular tumoral, induz a apoptose e inibe o NFkappa-beta (inflamatório). Outro composto é a genisteína um fitoestrogênio presente na soja. Ela regula a expressão de diversos genes envolvidos no controle do crescimento celular, apoptose e metástase, resultado similar à romã. Já a curcumina apresenta propriedades antiinflamatórias, antioxidantes, imunomoduladoras, pró apoptóticas e anti angiogênicas.

Bem parecido com o resveratrol presente nas uvas que apresenta função antioxidante e antiinflamatória. Tem sido sugerido que os carotenóides presentes nas frutas e legumes alaranjados modulam os processos relacionados a mutagênese, diferenciação celular e proliferação. Fisetinas presentes em frutas e vegetais como o morango, a maçã, a cebola e o pepino apresenta atividade neurotrófica, antioxidante, antiinflamatória e anti angiogênica.

 

Exercícios físicos

O câncer pode ser definido como um crescimento descontrolado e anormal das células no organismo. É uma doença multifatorial, ou seja, não possui apenas um fator causador, sendo um deles a inatividade física. Estudos reportam que a prática regular de exercícios físicos pode minimizar os processos degenerativos associados ao câncer, promover alterações comportamentais ligadas ao estilo de vida, reduzir os riscos de recorrência das doenças e melhorar fatores psicossociais. Além disso, melhora a capacidade funcional a médio e longo prazo e do sistema imune.

Pesquisas demonstram que os exercícios aumentam a atividade das células natural killers (NK) que possuem ação anti tumoral. Apontam também que tanto as atividades leves como as intensas diminuem o risco de mortalidade por todas as causas, mas apenas a atividade moderada a intensa foi associada com uma menor mortalidade por câncer de próstata. Eles acreditam que os exercícios físicos diminuem esse risco por modularem o IGF-1 e a insulina relacionados com a proliferação, diferenciação, apoptose, adesão, migração e angiogênese tumoral. Além disso, diminui os fatores inflamatórios e aumenta a citocinas antiinflamatórias.

Alguns estudos acreditam que a atividade aeróbia é a melhor opção para pacientes com câncer já que parece que as células tumorais se proliferam em ambiente hipóxico, ou seja, onde não há oxigênio, ao contrário da atividade aeróbia onde há uma predominância neste gás.

 

Disfunção erétil

Uma das alternativas para o tratamento do câncer de próstata localizado é a retirada total da glândula (prostatectomia) sendo que após a cirurgia podem ocorrer alguns efeitos colaterais temporários ou não. Dependendo da técnica utilizada essa disfunção pode durar até um ano, o que ocorre de 12-83% dos pacientes. A preservação da enervação pênis/próstata é essencial para que não haja a disfunção erétil permanente. Nos pacientes com algum nível de disfunção erétil pré-operação a chance de ocorrer um quadro permanente é maior.

Segundo estudos com a preservação da enervação aproximadamente 80% dos pacientes recuperam a potência sexual, sendo que fatores como a idade do paciente e a experiência do cirurgião irão aumentar ou diminuir essa porcentagem. Outras pesquisas afirmam que a cirurgia pode afetar o orgasmo, eliminando-o ou reduzindo a sua intensidade, mas a porcentagem para esses casos é mais baixa. Fatores vasculares também apresentam um fator de grande relevância na disfunção erétil já que a operação pode comprometer o fluxo sanguíneo da artéria do pênis.

Apesar desse inconveniente a prostatectomia radical é muito eficaz para a “cura” do câncer de próstata e atualmente existem recursos para que haja uma melhora na potência sexual, como o uso de vasodilatadores, estimulantes sexuais e próteses penianas. O melhor tratamento varia para cada caso e dever ser indicado pelo médico.
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Referências:

www2.inca.gov.br

brasil.gov.br

DUBBELMAN, Y.D. et al. Sexual function before and after radical retropubic prostatectomy: a systematic review of prognostic indicators for a successful outcome. European Urology, v.50, p.711-720, 2006.

HOLZE, N.K.S. et al. Erectile dysfunction after radical prostatectomy: the impact of nerve-sparing status and surgical approach, International Journal of Impotence Research, v.24, p.155-160, 2012.

KENFIELD, S.A. et al. Physical activity and survival after prostate cancer diagnosis in the health professionals follow-up study, Journal of Clinical Oncology, v.29, n.6, 2011.

KHAN, N. et al. Apoptosis by dietary agents for prevention and treatment of prostate cancer. Endocrine-related cancer, v.17, 2010.

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