Diabetes: Dieta, Exercícios Físicos, Índice Glicêmico, Transtornos Alimentares

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Dieta

No caso dos carboidratos o ideal é dar preferência aos complexos, ou seja, ricos em fibras para que não ocorra uma hiperglicemia como os integrais, cereais, legumes, verduras e algumas frutas. O consumo de açúcar refinado, mel, doces e refrigerantes não é recomendado. Proteínas magras como peixes e frango são mais indicadas por terem menor teor de gorduras saturadas. Alimentos ricos em vitaminas e minerais também são de extrema importância. Frutas mais doces como mamão, banana, manga, açaí e suco de laranja devem ser consumidas com cautela. A ingestão de fibras também deve ser priorizada afim de ajudar no bom funcionamento intestinal e na melhora do perfil glicêmico e lipidêmico. O ideal é uma consulta com um nutricionista para que este avalie a melhor dieta para cada indivíduo.

A adesão do paciente diabético ao tratamento dietético é ainda um grande desafio. Uma alimentação equilibrada em calorias e nutrientes é o princípio fundamental para um bom controle metabólico do paciente diabético, tanto do tipo 1 como do tipo 2. A Contagem de Carboidratos, principalmente no diabetes tipo 1, é uma técnica atual que vem facilitando e individualizando o plano alimentar do paciente diabético, o que é fundamental para adesão do tratamento e, assim, melhorar seu controle metabólico. Ela baseia-se no fato de que quase 100% dos carboidratos ingeridos são convertidos em glicose, no caso das proteínas, a conversão é em torno de 50%, e os lipídios em apenas 10%.

Ainda existe uma carência muito grande do ensino da Contagem de carboidratos nas graduações de Nutrição, o que não permite conhecimento da técnica para sua devida aplicação. A Contagem de carboidratos é uma ferramenta muito útil e atual que requer a devida capacitação profissional para aplicá-la. Considerando os benefícios da Contagem de Carboidratos aliados à atenção multidisciplinar, o controle do DM alcançará maior sucesso.

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Índice glicêmico

O índice glicêmico (IG) é um parâmetro utilizado para classificar os alimentos contendo carboidratos (CHO) de acordo com a resposta glicêmica que os mesmos promovem em relação a resposta observada após o consumo de um alimento referência (pão branco ou glicose). É definido como área formada abaixo da curva de resposta glicêmica após o consumo de 50g de CHO de um alimento teste, dividida pela área abaixo da curva de resposta glicêmica após o consumo do alimento referência contendo o mesmo teor de CHO.

É classificado como baixo quando o índice for < que 55, médio quando fica entre 56-69 e alto quando o índice é maior que 70. Deve-se ter em mente que o IG dos alimentos pode ser influenciado por uma série de fatores. Os fatores que afetam a motilidade intestinal e a secreção de insulina apresentamum efeito direto sobre este parâmetro. A proporção entre os tipos de carboidratos (amilose ou amilopectina) ingeridos, o teor de fibras e de macronutrientes que compõem os alimentos da refeição o grau de processamento do grânulo de amido, o método e o tempo de cocção são alguns dos fatores passíveis de exercer influências sobre o IG.

A maior saciedadeaos alimentos de baixo IG pode estar mais relacionada à reduzida velocidade na digestão e absorção no intestino, do que a glicemia pós-prandial por si, uma vez que uma das características das dietas com baixo IG é a presença de vegetais e frutas.

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Exercícios

De maneira geral os exercícios físicos são benéficos para os portadores de diabetes, principalmente os do tipo 2. O objetivo dos exercícios é a otimização da capacidade funcional, controle do peso corporal, modulação dos níveis glicêmicos e redução de fatores metabólicos de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O primeiro passo para ingressar em uma atividade física é solicitar um exame de sangue para verificar o nível de glicose e realizar uma avaliação física.

A prática de exercícios físicos só é recomendada quando os níveis de glicose sanguíneos estão sob controle mediante o uso da insulina ou de outro medicamento que module a glicose e de dieta adequada. Os exercícios ajudam o corpo a responder melhor à insulina e a transportar de modo mais eficiente a glicose para dentro das células. Também ajudam a diminuir os níveis de glicose no sangue durante e por até 48h após a atividade. Melhoram a circulação, pois ajudam na construção de mais capilares nos tecidos. Alguns estudos indicam que os exercícios ajudem na diminuição da insulina e dos medicamentos necessários para o controle da glicemia já que provoca o aumento da sensibilidade dos tecidos à insulina.

Valores de glicemia acima de 250mg/dLcontraindicam a prática de exercícios, pois há um maior risco de hiperglicemia. Muitas vezes os diabéticos possuem outras patologias associadas e estas devem ser analisadas para que haja a melhor indicação de uma atividade. A prática de exercícios ao final da tarde e início da noite não são indicadas, devido ao pico natural da insulina o que aumenta as chances de uma hipoglicemia noturna. Deve haver um consenso entre o médico, educador físico e nutricionista a fim de indicar o melhor tratamento medicamentoso, nutricional e de uma atividade física adequada.

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Diabetes e transtornos alimentares

O tratamento convencional do DM obriga o paciente à preocupação com o peso e a um rígido esquema dietético; com isso, acredita-se que haja risco de o diabético, dos tipos 1 e 2, desenvolver um quadro de transtorno alimentar (TA), como bulimia nervosa (BN), anorexia nervosa (AN) ou mesmo transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP).

A diabulimia, a omissão ou a redução do uso de insulina por pessoas com DM1, é um TA utilizado como controle de peso nocivo à saúde. É estimado que entre 30% e 40% de adolescentes e jovens mulheres adultas com DM deixam de usar a insulina para perder peso. A decisão do paciente em restringir a insulina prescrita passa por algumas questões, como: medo de ganhar peso associado ao controle glicêmico e problemas com o autocuidado. Em adolescentes, a preocupação com o aumento de peso corporal tem sido observada.

A modificação realizada do regime de insulina pode acarretar sérias complicações clínicas. Deve haver uma maior consciência sobre a diabulimia levando ao reconhecimento de sinais de advertência do uso incorreto da insulina.  O diagnóstico precoce é essencial para reduzir a morbimortalidade observada na associação de distúrbios alimentares e diabetes.

 

Referências

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VARELLA, D. Coleção doutor: guia prático de saúde e bem-estar. Editora Gold. São Paulo, 2009.

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